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Génese

Liberdade de Opinião.

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Liberdade de Opinião.

Corridas, paisagem e estreia em Zurique

Desde aquele meu post sobre as corridas e a minha iniciação nelas, na passada quarta feira, não mais parei de correr. Todos os dias, umas horas ao fim da tarde. Vou começando a habituar-me.

A motivação que sentia naquele dia levou-me a escrever aquelas frases. A motivação causada pela corrida. Ou, não sei ao certo, pela(s) pessoa(s) que a compuseram. 

O objetivo do post era levar aquela primeira corrida mais pelo lado humano: falei sobre aquele homem que conheci. (Quem leu o post também o conheceu; quem não leu o post tem, agora, oportunidade de o conhecer, lendo-o.)

O Sapo destacou o post. (Obrigado!) Não estava à espera! 

As visitas, pois, começaram a surgir. Por conseguinte, vieram os comentários:

Não tanto pelo lado humano, mas sim pelas corridas propriamente ditas. 

Não tive acesso ao computador durante o fim de semana. Não pude, então, ver todo o apoio e motivação que os comentários trouxeram. 

Vi-os hoje. Fiquei feliz. Muito! 

Sem saber, continuei com as árduas corridas. Agora, com todos aqueles comentários, ganhei ainda mais motivação e felicidade para levar as corridas avante!

Mais uma vez, obrigado.

A paisagem entra aqui. Este fim de semana foi passado no sítio onde nasci. Não aqui onde moro, Lisboa. No norte. 

Há por lá pouca - ou nenhuma - rede. (Foi por isso que não pude regalar-me a horas com os comentários!)

Tenho muito orgulho em ser do norte: verde, verde e mais verde; o ar limpo, convida a uma inspiração profunda.

Foram, então, mais fáceis as minhas corridas pelo norte. 

É muito mais agradável correr sobre a terra batida do que sobre o alcatrão quente, a queimar. A queimar os pés;

É muito mais agradável correr, e enquanto se corre, olhar para o lado e ver árvores, flores, casas isoladas no meio das montanhas. Montanhas. Grandes, altas. Vales profundos e encaixados. Lá ao fundo; Do que correr e olhar para o chão e ver alcatrão. Olhar para o lado e ver os railes de proteção das auto-estradas. Auto-estradas. Cimento. Fumo. Fábricas. E mais cimento.

Voltei hoje para "casa". É pena. A minha verdadeira casa é lá. Aqui habito.

Voltam as corridas - agora não me largam -. Volta também o cinzento do cimento, dos railes, do fumo. (Pena ainda maior.)

No fim da semana vou para Zurique. (Será que também é cinzenta?)

Vai ser a primeira vez que vou sair do país. Claro, tirando aquelas pequeninas incursões aos nuestros hermanos: várias vezes eu e os meus pais fomos de carro até uma qualquer fronteira, víamos aquela placa azul com as doze estrelas em forma de círculo onde no meio estava "España" e, já com alguma audácia, avançávamos uns quantos metros em território espanhol.

Tirando isso, vai ser a primeira vez que vou sair do país. 

Suiça, Zurique. Zürich.

A minha estreia.

Vou de avião, outra estreia!

Vou sozinho. Estou nervoso.

A primeira vez custa sempre. Em tudo na vida.

Faltam 4 dias...

 

 

A Magia do "Run"

 

Nas férias não costumo ir correr. (E falo apenas nas férias porque sou, de certa forma, obrigado a fazê-lo nas aulas de educação física!)

Mas hoje decidi "experimentar": não queria perder a forma; não queria passar o dia em casa; e, por último, e claro, porque está cada vez mais na moda!

Uma camisola, uns calções, uns ténis. E aí me lancei à estrada.

Os primeiros passos: errantes, nervosos. "Começo agora a correr? Ou mais lá à frente?"

Bem, lá comecei. Encostei-me para a tradicional berma: aquele espacinho entre a linha branca sobre o alcatrão, e onde este se confina com um bocado de terra batida.

Os primeiros metros foram favas contadas. "Afinal isto é fácil!", pensei.

Fui avançando. 

Começou a dificultar. Nem as belas paisagens me ajudaram. Tive, então, que parar. Talvez 1 quilómetro, talvez 2. Não sei bem. Mas dobrado esse número, parei. 

2 minutos volvidos.Aí estou eu de novo. Pronto para outra. Mais 1 quilómetro, por aí.

Quem estiver a ler isto pode pensar que não tenho resistência nenhuma. Ainda para mais tendo eu a idade que tenho. Mas foi a primeira vez. Amanhã ou depois farei melhor, de certeza!

Mas não é um resumo da minha primeira corrida que eu quero fazer.

Quero, sim, falar de algo que não estava à espera.

Pensava eu que correr era: sair de casa, fazer-me à estrada, e umas passadas depois, voltar para casa.

Mas não. Correr é - pelo menos foi hoje - muito mais do que isso.

Parei uma segunda vez. E eis que por mim, parado, passa um homem - a correr, claro. Provavelmente entre os 40 e os 50 anos.

Notei o esforço com que avançava cada perna. Da cara, escorria suor, e mais suor.

Disse-lhe, então: "Força".

Fitou-me e agradeceu.

Já uns metros à frente, reparando que estava parado - e, não o vou esconder, em algumas dificuldades - lançou um sempre emblemático "não desistas".

Como que imediatamente ecoou dentro de mim. "Não desistas. Não desistas. Não desistas. Não..."

Deram-me força, aquelas palavras.

Força para conseguir alcançar o tal homem. Não foi fácil, ia lançado sobre o alcatrão.

Cheguei-me ao pé dele. Um "vamos" bastou para que terminássemos o nosso percurso em conjunto - uns 500 metros mais à frente. 

Trocámos algumas palavras. 

Disse-me que ia completar 10 quilómetros de corrida sem parar. Admirei-me. Corei por dentro por saber que, por enquanto, esses 10 quilómetros são inatingíveis para mim. 

Disse-me, ainda, que estava a fazer aquilo, todo aquele sacrifíco, para emagrecer. Assenti, pois tinha já notado uns quilos a mais na sua constituição.

No fim do percurso, uma reta enorme, a última, estava a sua mulher e o seu filho, um puto. Esperavam-no. 

Queria dizer um "obrigado" ao homem. Sim, ao "homem". Não me lembrei de lhe perguntar o nome.

Queria agradecer-lhe por me ter dado força com as suas palavras. Não teria aguentado tanto se não fossem as palavras dele. Teria - estou certo disto - voltado para trás no sítio onde tinha decidido parar.

Tive sorte.

Se estiver a ler isto, aqui vai um obrigado para si!

Uma excelente pessoa que eu conheci hoje. Bastaram-me aqueles 10/20 minutos para o saber.

Amanhã à mesma hora, lá nos encontramos!

É esta a magia do run. As pessoas.