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Génese

Liberdade de Opinião.

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Liberdade de Opinião.

A Magia do "Run"

 

Nas férias não costumo ir correr. (E falo apenas nas férias porque sou, de certa forma, obrigado a fazê-lo nas aulas de educação física!)

Mas hoje decidi "experimentar": não queria perder a forma; não queria passar o dia em casa; e, por último, e claro, porque está cada vez mais na moda!

Uma camisola, uns calções, uns ténis. E aí me lancei à estrada.

Os primeiros passos: errantes, nervosos. "Começo agora a correr? Ou mais lá à frente?"

Bem, lá comecei. Encostei-me para a tradicional berma: aquele espacinho entre a linha branca sobre o alcatrão, e onde este se confina com um bocado de terra batida.

Os primeiros metros foram favas contadas. "Afinal isto é fácil!", pensei.

Fui avançando. 

Começou a dificultar. Nem as belas paisagens me ajudaram. Tive, então, que parar. Talvez 1 quilómetro, talvez 2. Não sei bem. Mas dobrado esse número, parei. 

2 minutos volvidos.Aí estou eu de novo. Pronto para outra. Mais 1 quilómetro, por aí.

Quem estiver a ler isto pode pensar que não tenho resistência nenhuma. Ainda para mais tendo eu a idade que tenho. Mas foi a primeira vez. Amanhã ou depois farei melhor, de certeza!

Mas não é um resumo da minha primeira corrida que eu quero fazer.

Quero, sim, falar de algo que não estava à espera.

Pensava eu que correr era: sair de casa, fazer-me à estrada, e umas passadas depois, voltar para casa.

Mas não. Correr é - pelo menos foi hoje - muito mais do que isso.

Parei uma segunda vez. E eis que por mim, parado, passa um homem - a correr, claro. Provavelmente entre os 40 e os 50 anos.

Notei o esforço com que avançava cada perna. Da cara, escorria suor, e mais suor.

Disse-lhe, então: "Força".

Fitou-me e agradeceu.

Já uns metros à frente, reparando que estava parado - e, não o vou esconder, em algumas dificuldades - lançou um sempre emblemático "não desistas".

Como que imediatamente ecoou dentro de mim. "Não desistas. Não desistas. Não desistas. Não..."

Deram-me força, aquelas palavras.

Força para conseguir alcançar o tal homem. Não foi fácil, ia lançado sobre o alcatrão.

Cheguei-me ao pé dele. Um "vamos" bastou para que terminássemos o nosso percurso em conjunto - uns 500 metros mais à frente. 

Trocámos algumas palavras. 

Disse-me que ia completar 10 quilómetros de corrida sem parar. Admirei-me. Corei por dentro por saber que, por enquanto, esses 10 quilómetros são inatingíveis para mim. 

Disse-me, ainda, que estava a fazer aquilo, todo aquele sacrifíco, para emagrecer. Assenti, pois tinha já notado uns quilos a mais na sua constituição.

No fim do percurso, uma reta enorme, a última, estava a sua mulher e o seu filho, um puto. Esperavam-no. 

Queria dizer um "obrigado" ao homem. Sim, ao "homem". Não me lembrei de lhe perguntar o nome.

Queria agradecer-lhe por me ter dado força com as suas palavras. Não teria aguentado tanto se não fossem as palavras dele. Teria - estou certo disto - voltado para trás no sítio onde tinha decidido parar.

Tive sorte.

Se estiver a ler isto, aqui vai um obrigado para si!

Uma excelente pessoa que eu conheci hoje. Bastaram-me aqueles 10/20 minutos para o saber.

Amanhã à mesma hora, lá nos encontramos!

É esta a magia do run. As pessoas. 

 

 

 

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